sábado, 30 de abril de 2011

ANTROPÓLOGO REALIZA PESQUISA SOBRE A FESTA DO ROSÁRIO DE JARDIM DO SERIDÓ-RN


O antropólogo Bruno Goulart Machado Silva, aluno do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na área de Ciências Sociais, mestrado em Antropologia, está realizando pesquisa de dissertação tendo como objeto de estudo a Festa dos Negros do Rosário de Jardim do Seridó-RN. O trabalho tem como orientadora a professora Julie Cavignac, da UFRN.
A Festa do Rosário, objeto de estudo, acontece na cidade de Jardim do Seridó, sertão do Rio Grande do Norte, nos dias 30 e 31 de dezembro e 1º de janeiro de cada ano, desde 1863. A festa envolve dois grupos de Negros do Rosário: o da cidade, também denominado de Caçote e o da Comunidade Rural Boa Vista dos Negros, do visinho município de Parelhas-RN.
Em contato com o Blog dos Negros do Rosário de Jardim do Seridó-RN, o antropólogo Bruno afirmou que o “interesse temático é pela irmandade do Rosário e São Sebastião e o ritual realizado pelos negros do Rosário durante a bonita festa que acontece na virada do ano. Me alegra ver a receptividade das pessoas, que sempre tem o carinho e o cuidado de me receberem em suas casas, e responderem perguntas muitas vezes óbvias demais. Estou em Jardim, talvez, no papel daquilo que Mario de Andrade chamou de um turista aprendiz, em oposição ao turista que viaja aos lugares apenas, e se esquecem que a geografia é sempre uma geografia sentimental. Talvez seja isso que eu tanto busco em Jardim, sentimento; o sentimento de pessoas por uma festa, por uma santa, por um lugar. A busca pelo sentimento que a dança, que o reinado que o som do pífiro e dos tambores invocam para os negros do Rosário, para os que são, os que já foram e os que serão, Negros do Rosário. Sem querer ser romântico demais, e dizer que consigo sentir essa paixão, eu diria que me encanta ver que existe tal paixão, e faço proveito do mistério, que é para mim, ver tal paixão. Esse orgulho de ser e se mostrar negro num país onde muitos preferiram se esconder, essa devoção a Nossa Senhora do Rosário que reune e ilumina em um ato de amor um grupo que a nossa história insiste em negar e apagar. Para além de fazer o meu trabalho, o que eu busco em Jardim é a inspiração para realizá-lo”.
Bruno Goulart tem realizado diversas visitas as casas dos membros da Irmandade de São Sebastião e Nossa Senhora do Rosário, desde a festa de 2010, colhendo depoimentos acerca da festa e do significado do ritual que envolve a dança do espontão e a coroação do Rei e da Rainha da Irmandade. Como ele mesmo afirmou, “o sentimento de pessoas por uma festa, por uma santa, por um lugar”. Bruno continuará visitante a cidade e os Negros do Rosário durante todo o ano de 2011, até a conclusão da dissertação.

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