sexta-feira, 25 de junho de 2010

DISCURSO DE DESPEDIDA DO ANTIGO TESOUREIRO DA IRMANDADE DO ROSÁRIO DE JARDIM DO SERIDÓ-RN, DIEGO MARINHO DE GOIS.


A história é dinâmica e cheia de mudanças e transformações. Deste modo, as circunstâncias mim levaram a trilhar outros caminhos devido a minha aprovação no Mestrado, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Durante o período de dois anos estarei estudando em Natal, o que mim impossibilita continuar assumindo as funções de coordenador e tesoureiro desta venerável Irmandade de São Sebastião e Nossa Senhora do Rosário, a qual eu amo de coração e a qual dediquei parte do meu esforço físico e mental.
O período em que estive a frente desta instituição foi uma aprendizagem em minha vida, onde tive a oportunidade de coordenar a festa do Rosário, uma tradição de 147 anos de existência. Foi um desafio, porém, com o apoio da minha família e dos amigos, conseguimos manter hasteada a bandeira de São Sebastião e Nossa Senhora do Rosário, avançando em vários aspectos. A Irmandade, agradeço o convite que mim foi feito para coordenar a congregação e o engajamento nos momentos em que foram convocados.
Ao longo da história da Irmandade do Rosário, fundada em 1863, muitas coisas foram feitas, no sentido de manter viva esta manifestação da cultura e da religiosidade popular. Inúmeros foram aqueles que por esta congregação deixaram suas marcas. Quantos reis perpétuos, juízes, escrivãs, presidentes, chefes, quantos tesoureiros já passaram por esta festa. Eu fui o 15º tesoureiro. A história nos mostra que nada é fixo, estável, imóvel, mas tudo se transforma, muda, passa. E cada um, como continuadores desta tradição, tem inúmeros desafios a cumprir. A Irmandade, a Igreja e todas aquelas pessoas de boa vontade, devem dar as mãos no sentido de continuar fazendo desta festa e desta Irmandade uma tradição continuamente apropriada, praticada e vivida pelos Negros do Rosário, pois como me disse certa vez a senhora Dona Inácia (in-memoriam): “eu não quero que esta festa morra”.
O desejo do fundo do meu coração é que o novo tesoureiro possa dar continuidade ao trabalho que a gente vinha desenvolvendo e continue com o propósito de transformar a Irmandade do Rosário em um espaço para se lutar contra a discriminação daqueles que encontraram na dança a arte de lutar contra a marginalização da vida cotidiana.
O meu pedido de afastamento do cargo de tesoureiro não significa um arrastamento definitivo, estaremos disponível para colaborar com a Irmandade de acordo com as nossas disponibilidades, sobretudo, porque conseguimos aprovar dois projetos de cultura popular, um pela Fundação José Augusto e outro pelo Ministério da Cultura e que devemos administrar os recursos como proponentes do projeto.
Rendemos Graças a Deus e a intercessão de São Sebastião e Nossa Senhora do Rosário pela eleição do novo Tesoureiro e desejamos votos de um desempenho perante a nova missão.


Jardim do Seridó, 13 de junho de 2010. Diego Marinho de Gois.

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