Qualquer pessoa de Caicó ou Jardim do Seridó dará notícias da dança do Espontão na Festa de Nossa Senhora do Rosário.
Já a tenho estudado. É uma dança guerreira, com instrumento de percussão, executada em honra da Santa ou de um pecador que o grupo deseje homenagear. Por ser dançada em época de festa religiosa e especialmente por homens de cor não significa ser bailado africano, como deduzi inicialmente.
É antes uma convergência de muitos elementos, de várias procedências, fundidos na oblação católica. Indiscutível é que os negros foram os autores desse processo aculturativo e também do seu uso regular na região seridoense.
Um desses elementos estranhos aos africanos é justamente o Espontão que denomina o bailado simples, coreografia ad libitum, com desenhos primitivos e rudimentares, voltando, saudando com lança ou os espontões aos tambores e ao público. Espontão, “esponton” era arma usada na Idade Média para oficiais-inferiores da infantaria. Era uma lâmina de aço presa a uma haste sólida de madeira, a lâmina em bico de espada ou língua-de-boi.
Durante o século XVI, era a insígnia dos sargentos da tropa a pé. Dirigia o grupo armado, acenando no ar empunhada pelo sargento, indicando a direção a seguir.
Certo principiaria como uma daga ou adaga, mas fora sendo alongada em meia-lança. Não era arma de arremesso. Era uma insígnia que se tornara instrumento defensivo mas no caso de luta corpo a corpo.
Parece ter vindo da península itálica para a França e desta para a Ibérica, Espanha e Portugal.
O uso do Espontão na dança afirma outro elemento curioso. Caracteriza uma dança militar, oblacional, de caráter votativo mas sem a participação da mulher nem a apresentação em qualquer época. A dança do Espontão tem dia especial para ser realizada e não é folguedo na classe dos divertimentos mas um cerimonial em homenagem ao orago e depois as pessoas ilustres.
Seria de louvor não haver dificuldade para a apresentação desse bailado. Os senhores prefeitos municipais podiam ambientar com simpatia o único, o derradeiro bailado, dança militar e religiosa que possuímos.
Protegê-la e onde a deixaram morrer de inanição, restaurá-la!
Natal-RN, 26 de junho de 1947
Já a tenho estudado. É uma dança guerreira, com instrumento de percussão, executada em honra da Santa ou de um pecador que o grupo deseje homenagear. Por ser dançada em época de festa religiosa e especialmente por homens de cor não significa ser bailado africano, como deduzi inicialmente.
É antes uma convergência de muitos elementos, de várias procedências, fundidos na oblação católica. Indiscutível é que os negros foram os autores desse processo aculturativo e também do seu uso regular na região seridoense.
Um desses elementos estranhos aos africanos é justamente o Espontão que denomina o bailado simples, coreografia ad libitum, com desenhos primitivos e rudimentares, voltando, saudando com lança ou os espontões aos tambores e ao público. Espontão, “esponton” era arma usada na Idade Média para oficiais-inferiores da infantaria. Era uma lâmina de aço presa a uma haste sólida de madeira, a lâmina em bico de espada ou língua-de-boi.
Durante o século XVI, era a insígnia dos sargentos da tropa a pé. Dirigia o grupo armado, acenando no ar empunhada pelo sargento, indicando a direção a seguir.
Certo principiaria como uma daga ou adaga, mas fora sendo alongada em meia-lança. Não era arma de arremesso. Era uma insígnia que se tornara instrumento defensivo mas no caso de luta corpo a corpo.
Parece ter vindo da península itálica para a França e desta para a Ibérica, Espanha e Portugal.
O uso do Espontão na dança afirma outro elemento curioso. Caracteriza uma dança militar, oblacional, de caráter votativo mas sem a participação da mulher nem a apresentação em qualquer época. A dança do Espontão tem dia especial para ser realizada e não é folguedo na classe dos divertimentos mas um cerimonial em homenagem ao orago e depois as pessoas ilustres.
Seria de louvor não haver dificuldade para a apresentação desse bailado. Os senhores prefeitos municipais podiam ambientar com simpatia o único, o derradeiro bailado, dança militar e religiosa que possuímos.
Protegê-la e onde a deixaram morrer de inanição, restaurá-la!
Natal-RN, 26 de junho de 1947
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