Estamos iniciando mais uma série no nosso blog. Com o título de “Documentos Históricos”, apresentaremos fragmentos de textos escritos no passado sobre a Irmandade de São Sebastião e Nossa Senhora do Rosário. São atas, registros de festas, fotografias, programas, dentre outros “documentos-monumentos”, encontrados ao longo do desenvolvimento de nossa pesquisa, sobretudo, no arquivo da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Jardim do Seridó-RN.
Nesta edição inicial, escolhemos um texto escrito pelo Padre Antônio de Mello Chacon em 1937 e registrado no Livro de Tombo 02, da Paróquia de Jardim do Seridó-RN. Constitui uma descrição da Festa dos Negros do Rosário, marcada de uma riqueza de informações e detalhes acerca dos festejos daquele ano. Para não perder o brilho das coisas do passado, vamos transcrever a matéria na integra, tal qual se encontra no Livro de Tombo. Assim, o leitor vai se deparar com uma escrita diferente da ortografia contemporânea. Vejamos:
Dia de Anno Bom
Conforme o costume é nesse dia que se realiza todos os annos a tradicional festa de Nossa Senhora do Rozario, levada a effeito pela secular “Irmandade do Rozario”, com o estylo que os negros costumam solenizar a sua festa predilecta. Houve exercício solenne na véspera e no dia de Anno ás 7 horas. Communhão geral de todos sodalícios religiosos da parochia na missa que foi celebrada pelos irmãos do Rozario. As 10 horas missa solenne cantada pelo vigário que ao Evangelho subiu ao púlpito e fez sermão alusivo a festa, ao grande dia da confraternização dos povos e o dia da prece e dos bons propósitos e do arrependimento dos nossos peccados cometidos no anno que findou. Após a missa todo o povo, com o Vigario, levou em passeiata o Rei e a Rainha dos Negros á sede da Irmandade tendo feito, ao chegar na sede o Revmo. Vigario, uma saudação aos Negros attestando o espírito Chistão de toda a população que com aquela manifestação espontânea provava a estima que o povo denota pela Irmandade do Rozario e pela sympathia que todos tem ao rito antigo da festa do Rozario tão popular e tão cheia de sentimento de puro tradicionalismo. Á tarde houve a solenissima procissão, benção do santíssimo Sacramento, tendo sido antecipada pela pratica que fiz conceituando a todos a ter a maior devoção a Virgem do Rozario, não abandonando ninguém a sua recitação cheia de bênçãos do Céo.
Jardim do Seridó, 2 de Janeiro de 1937
Pe. Antonio de Mello Chacon, Vigário.
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