quarta-feira, 25 de junho de 2008

Série: NEGROS DO ROSÁRIO – Parte 01

Caro leitor, estamos lançando a série NEGROS DO ROSÁRIO, dedicada a apresentação dos “irmãos” que formam a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Sebastião de Jardim do Seridó-RN. Nesta edição de número 01, conheceremos o senhor Antônio José dos Santos, conhecido por Antônio Capitão, devido ocupar a função de “Capitão de Lança” na congregação. Antônio Capitão nasceu em 1960 e entrou para os Negros do Rosário, do grupo de Jardim do Seridó-RN, aos 12 anos de idade, exercendo diversas funções, conforme relembra:

[...] eu entrei na Irmandade como pulante, depois fui lanceiro, depois fui bater bombo, de bombo passei para caixa, de caixa me escolheram para ser capitão, porque tudo na Irmandade eu resolvia, eu resolvia os problemas. Ludugero nesta época era o chefe, então ele antes de morrer passou o cargo para eu ser o Chefe da Irmandade, porque o Capitão da Irmandade era para comandar aquela turma na frente e resolver os problemas de cada um, de cada uma daquelas pessoas; por crianças, as pessoas, eu boto as pessoas, se caso não der certo, eu tiro; eu quem faço as apresentações das danças, eu crio as apresentações e faço. E de Chefe realmente é combater algumas coisas que é de ser da Irmandade (SANTOS, 2005).

Nesta narrativa podemos observar os cargos hierárquicos pelos quais um iniciante na Irmandade do Rosário deve passar até chegar à função de comandar o grupo. O senhor Antônio Capitão entrou como “pulante”, depois foi “lanceiro”, “batedor de caixa”, para finalmente ser “Capitão” e “Chefe da Irmandade”. Além dos lugares ocupados por ele na congregação de negros, a sua narrativa chama a atenção para a questão da construção da tradição e da sucessão. O fragmento “ele antes de morrer passou o cargo para eu ser Chefe”, denota a preocupação de ser uma prática legitimada por um sujeito “mais velho”, o senhor Ludugero, antigo Chefe da Irmandade, que transmitiu não somente o cargo, mas também o saber.

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